Uma semana para esquecer

Os ultimos post’s  que tenho escrito sempre dei um tom jocoso à coisa, porque esse sempre foi o meu sentimento desde que aqui cheguei, com abertura e levando as situações sempre para o lado mais caricato.

Muitas vezes vocês perguntavam como é que eu aguentava, e realmente até esta semana nunca tive de fazer um esforço para aceitar este modo de vida, bem diferente do nosso!

Mas durante esta semana devido as situações fui vendo as coisas de outra maneira.

Problema 1:

Segunda-feira de manha cheguei a Luanda depois de uma curta visita a Portugal, como é normal coloquei na mala todos os bens que sentia falta por cá e acreditem que eram alguns. Aterro e ligo ao motorista que estava à minha espera para avisar que tinha chegado.Dirijo-me à passadeira estavam 3 voos na mesma passadeira, imaginam a confusão de malas, os angolanos quando vão a portugal trazem este mundo e o outro.Esperei pacientemente  pela minha mala mais de uma hora, e não havia jeito de ela aparecer. Dirijo-me aos perdidos e achados para reclamar a mala, preencho a declaração de perda de mala.

Saio do aeroporto e ligo ao motorista para saber onde ele estava, ao que ele me diz que como não lhe tinha dito mais nada, que se tinha ido embora, algo completamente normal aqui por estas bandas. Aguardo pacientemente mais uma hora à espera que ele me venha buscar e vou para o trabalho. Ainda hoje, sexta-feira continuo sem a mala apesar dos esforços para a tentar encontrar.

Julgo que o problema até deve ser de Portugal, onde é típico as malas desaparecerem.

Problema 2:

Antes de ir à historia propriamente dita, é importante explicar alguns pontos.

Eu estou em Angola a trabalhar para um entidade governamental, e por isso, é desta entidade que tenho o meu visto de trabalho. Mas temos um parceiro que é ao mesmo tempo nosso subempreiteiro (fornecedor) nessa obra, e é as instalações deles que normalmente uso como escritório, e onde venho tratar de todos os problemas relacionados com a obra, e outros, visto que foram eles que me arranjaram alojamento e me disponibilizam os diversos recursos que vou tendo  necessidade.

Estava eu muito bem sentado no escritório do referido parceiro, sentado numa secretária a por o trabalho em dia, e vem um funcionário da empresa avisar que a DEFA, o nosso equivalente ao Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, está no exterior da empresa e que vai entrar para fazer uma visita de rotina e validar os passaportes e os vistos do pessoal. Várias pessoas desatam a arrumar as coisas e aproveitam a confusão inicial para fugir. Eu mantenho-me no meu lugar convicto que tenho tudo em dia, e que não estou a cometer nenhuma ilegalidade.

O inspector da DEFA dirige-se a mim e pede-me o passaporte, eu entrego-lhe e ele vira-se para mim e diz, você esta ilegal, ao que eu respondo, está a ver a página errada, ele estava a olhar para o visto ordinário que usei quando entrei em Angola e que já estava caducado. Ele muda a página e olha para o meu visto de trabalho e sai com o passaporte na mão. Eu vou atrás dele e peço-lhe que me devolva a passaporte, ele diz que estou em situação irregular, que estou a trabalhar numa empresa com visto de outra. Eu explico-lhe que estou aqui como cliente e que estamos a planear o trabalho para a dita obra. Ele responde-me isso você vai ter que provar depois, agora vai connosco. Ou seja se estiveres de visita a uma empresa com visto de outra, uma situação perfeitamente normal, aqui não é possível!

Para alem de mim havia um funcionário da empresa que estava com a situação irregular, e que também lhe tinham pedido para entrar na carrinha.

Depois de várias tentativas para os demover e explicado a situação de todas as maneiras e feitios, de já ter contactado a dita entidade governamental para me tentar auxiliar, todos esses esforços foram em vão e depois de umas duas horas de conversas e de preenchimento dos autos de infracção, eles dizem que temos de entrar na carrinha deles para irmos para as instalações deles.

Dentro da carrinha encontrava-se um chinês, que tinha sido encontrado sem passaporte, e os inspectores da DEFA  que eram 4. A lotação da carrinha era de 5 lugares e nós éramos 7. Um dos inspectores da DEFA diz que temos de ir na parte de trás da pick-up, ao que eu me recuso e digo que é ilegal e que  eles se quiserem me levar, que arranjem outro veiculo para nos transportar. Eles dizem que não temos tempo a perder, que há jogo da selecção de Angola as 20h, que temos de ir. Continuamos num impasse, e decide-se que vem um inspector com um de nós na parte de trás e que os outros vão dentro. Eu sem mais nenhuma hipótese e já sobre ameaça de nos algemarem e de sacarem a arma, decido ir para a parte de trás da carrinha. Arrancamos e paramos 500 mt á frente, onde está o patrão do chinês, um angolano que conhece muito bem todos os elementos da DEFA, um deles dirige-se ao carro dele, entra e sai passado 1 minuto e manda libertar o chinês. Podem imaginar o que se passou dentro do carro….

Arrancamos já todos dentro do carro, mas com 4 pessoas no banco de trás , em direcção à cidade. Sempre com o pirilampos e as sirenes ligadas, para que não haja hipótese de eles perderem o dito jogo. Fazem as maiores patifarias pelo caminho desde chamarem “preto de merda” a diversos condutores, a gritarem pelo megafone, para os carros saírem da frente, bem como quase passarem por cima de um condutor de mota, e de seguida desatarem a rir. Uma viagem completamente anormal, onde pude apreciar o verdadeiro espírito daquela “gente”. Também assisti  ao contentamento de alguns angolanos que passavam na rua ao verem dois brancos a irem detidos naquele carro.

Passado 45 minutos lá chegamos às instalações da DEFA, e já estavam a espera um representante da entidade governamental, e um do nosso parceiro.

O chefe manda os representantes entrar e nós ficamos à espera à entrada. A reunião dura pouco tempo e o chefe manda chamar os homens que fizeram a detenção. Ficam todos reunidos durante algum tempo e mandam entrar de novo os representantes.

Depois de várias entradas e saídas vejo tempo a passar e começo pela primeira vez a ficar realmente preocupado. Um dos inspectores da DEFA, o que tinha assinado os autos, não estava a facilitar, e depois de várias tentativas de arranjar um solução ele mostrava-se irredutível. E a nós esperava-nos um noite na esquadra em Luanda, e de seguida íamos para o centro de detenção de Viana. É preciso lembrar que aqui ninguém é presente ao juiz e que advogados é coisa que nestes casos não serve de nada. No mínimo ficávamos 2 ou 3 dias detidos até se conseguir resolver e explicar a situação.

Depois de mais algumas negociações e sem outra solução, à custa  encher muito bem os bolsos a toda à gente somos libertados.

Ainda lhes pergunto o que posso fazer para ter a minha situação regular, sempre que tiver lá na empresa, ao que ele me responde, – não complica, chefe.

À parte disso, o meu passaporte ficou na esquadra onde me passaram uma multa por ter sido apanhado sem passaporte, para poderem justificar o trabalho deles e todo aquele movimento. E por fim tivemos de devolver os autos originais para eles poderem rasgar.

Depois deste dia, fiquei com a olhar para este pais com outros olhos, é pena… mas Roma e Pavia não se fizeram num dia.

A casa!

Fez esta sexta-feira uma semana que  mudei de casa, uma casa nova a estrear!
A casa foi construida por chineses, por isso podem imaginar a alta qualidade dos acabamentos. Esta dentro dos parametros dos equipamentos que podemos comprar ai numa loja dos chineses, materiais feitos para usar 2 ou 3 vezes, 4 no máximo!

Casa, historia 1 – a primeira noite

Nessa sexta-feira à noite cheguei a casa, depois de jogar à bola, tomar banho e jantar, já era uma meia-noite. Como a casa ainda não tinha água quente, os cilindros ainda não estavam instalados, optei por tomar banho em casa de um colega.

Pedi ao segurança da casa (sim, aqui quase todas as casas tem segurança), que me ligasse o gerador e ficou combinado que eu avisava assim que fosse para desligar. Estava muito bem a falar com a Rita no skype e o segurança lembra-se e desliga o gerador. Como já era tarde e o portatil ficou ligado à bateria, não liguei e fui dormir.

Às 7 da manha, acordo ao som de um kuduro potentissímo, mesmo em cima da minha janela, que é o mesmo que acordar com um martelo pneumático bem juntinho à cabeceira. Levanto-me meio atarantado, sem saber o que se passava,espreito pela janela e vejo o segurança de nome “chinguito”, o qual o QI nem sequer é metade do numero que calça, e mais 2 colegas de profissão a dançarem no meu quintal. Viro-me para ele e digo o que é isto? Ao que ele, nem sequer responde, porque não percebe o problema. Mando desligar o rádio. Ele desliga, mas esquece-se que para ele conseguir ter o rádio ligado, teve de ligar o gerador que só por si, já não é um som agradável de se ouvir, e passado 5 minutos tenho de me levantar de novo, para lhe mandar desligar o gerador.
Mesmo depois de todos estes avisos, ele não compreendeu que aquilo tudo era para eu conseguir dormir, e continuou a conversar com os colegas em alto e bom som, bem perto da minha janela.

Casa, historia 2 – as torneiras

Aqui facilmente a água tem pressão numa torneira e na outra mesmo ao lado só corre um fio.
Queria experimentar se a máquina de lavar a roupa estava a funcionar, coloco lá umas toalhas e ligo a máquina, esta não dá sinal de vida. Como canalizador experiente que sou, imagino logo que deve ter o filtro entupido,fecho a torneira, e começo a desenroscar a mangueira da máquina. Estranhamente, mesmo com a torneira fechada está continua a deitar muita água. Tento fechar melhor a torneira, e esta começa a deitar água por todo o lado, tento apertar com toda a força que tenho e levo um monumental banho, a torneira, e os acessórios adjacentes, vertem água por tudo o que é sitio. Corro para fora de casa e fecho a água. Com a cozinha a parecer uma piscina e com a terra que trago da rua, o chão fica num belo lamaçal. Ainda bem que ainda não tinha comprado uma esfregona e balde!
Com a água desligada lá consigo estancar a torneira,e com os remendos que tive de fazer deixou de ser possível ligar a máquina de lavar. No dia seguinte lá esteve o canalizador a trocar a dita torneira.

Parte 2 – a segunda vez que mexo numa torneira.

Já tinha a água quente ligada e decidi e tomar banho. A água saia com pouca pressão, e achei por bem rodar a torneira de segurança, para ver se era dai o problema. Fiquei literalmente, com a torneira na mão e automaticamente começou a sair um esguicho que criou mais uma bela piscina na minha casa de banho, não é algo preocupante, visto que ainda não tenho cortinas no poliban, ia de qualquer modo fazer uma piscina, visto que esta é a única maneira que tenho de tomar banho.
Nunca tinha visto uma torneira com o interior de plástico, mas pelos vistos os chineses acham que assim é que é bom! Lá teve de voltar o canalizador para trocar mais uma torneira. Ainda estou à espera de conseguir tomar um banho com pressão decente.

Casa, historia 3 – O chiguito ataca de novo.

Nesta ultima sábado de manha, volto a acordar as 7 da matina, com o gerador ligado, e com vozes.
Penso para mim, o que se passa desta vez!? abro a janela do quarto e vejo o segurança todo contente a tomar banho (é necessário ter o gerador a funcionar, para a bomba de água funcionar e assim se puder tomar banho), viro-me para ele e digo, desliga o gerador, ao que ele me responde: estou a tomar banho. Eu respondo-lhe então e vais ligar o gerador só para isso? não sabes esperar para que eu acorde para que depois possas tomar banho, ainda por cima acabaste de entrar ao serviço e a primeira coisa que fazes é tomar banho!? Não sei se foi por ter dito uma frase com mais de 3 palavras, o que sei é que não obtive qualquer resposta, nem sequer uma cara de quem percebeu que tinha feito asneira.
Passado pouco tempo desligou o gerador, mas não se esqueceu de ficar a conversar à minha janela. Tive de me levantar mais uma vez para pedir que fizessem pouco barulho.

  • Tambem é muito agradavel, a parte de o quarto não ter estores, nem portadas, chega-se as 6 da manha e entra uma claridade estranha no quarto. Se tiver a sorte de ser acompanhada por uma musiquinha, então é ouro sobre azul.
  • Aqui custa a habituar,mas é necessário dar ordens directas e básicas (não generalizando), e nunca dar mais que uma ordem de cada vez, porque esta é a única forma de as coisas acontecerem, tem de se andar com rédea muito curta e fiscalizar tudo 2 a 3 vezes.
  • O segurança que vêem na foto não é o chinguito, é o colega dele o Pedro, que é bastante diferente. Eles revezam-se de dois em dois dias, até  se arranjar um terceiro.
  • Não sei como mas quando me mudei para a casa tinha 6 garfos e neste momento só existe 1! E eu sou de momento, a unica pessoa a viver na casa!
  • há muitas mais aventuras que se têm passado na casa, desde a empregada, até a televisão, mas essas ficam para um próximo post!

Estórias do Quotidiano e outras considerações

1- A novela Mexicana

Estava a Ermelinda, rapariga que me contou a história, a passear com uma amiga, a “X”, na rua, quando encontram a amiga “Julia”, que já não viam há algum tempo. A Júlia vinha acompanhada pela amiga “Y”, a qual se tinha casado há pouco tempo, e traziam o álbum de fotografias do casamento. A Ermelinda, curiosa começou a folhear o álbum, vira-se para a sua amiga X e diz: “O teu pai aparece aqui em muitas fotos; deve ser o padrinho”. Ao que a amiga X responde: “Não pode ser; o meu pai não pode estar ai”.
Responde a Ermelinda: “Está sim”. E a amiga X diz: “Pois está, é mesmo o meu pai”. Vira-se a “Y” e diz: “Esse também é o meu pai”. X acabou de descobrir que tinha mais uma irmã para além dos outros 11 que já conhecia!

Considerações:

Neste  fim de semana mais precisamente no sábado à noite, a malta (Cliente e Fiscalização) que estão a trabalhar  na obra comigo e que tem sido impecáveis, convidaram-me para uma noite, como eles costumam fazer aqui em Angola. Eu como estava sozinho em casa e curioso para conhecer a animação por aqui, fiquei todo contente com este convite. Para não haver problemas de transporte entre Viana e Talatona decidi ficar em casa de um deles.

Começamos por jantar num restaurante em Viana que se chama “Terraço”, em que as pessoas vão comendo e cantando Karaoke, pelo meio, um tormento! Além de não se conseguir falar, às muitas vezes os cantores são um tromento e  para mais a comida é uma trampa fraquinha. Fiquei muito bem impressionado, quando me contaram que era ali que as locais vinham arranjar quem lhe pagasse a entrada na discoteca, que custa uns 2000 kuanzas a volta de uns 20 Euros, mais ao menos, o que pagamos para jantar.
Também fiquei estupefacto, com a quantidade de Portugueses com mais de 40 anos que vai ali jantar, com a sua namorada Angolana, que pelo que me contaram lhes gastam o dinheiro todo, sendo que muitas vezes acabam por não enviar dinheiro para casa, com a historia que o patrão não lhes paga, e afinal, foi porque o gastaram todo com a namorada.

Depois de uma 3 cervejinhas, saímos de lá e passamos na discoteca do momento em Viana, o  MC Fashion, uma discoteca que não difere muito de qualquer discoteca de aldeia em Portugal, com musica semelhante ao mitico Snoobar.Era a primeira vez para todos, visto que eles tinham decidido ir lá devido a conselho de um amigo “profissional da noite”, pelos vistos o conselho saiu furado, eles não  gostaram do ambiente, eu não tinha termo de comparação. Consumimos o cartão e dirigimos-nos a uma outra discoteca o Mukua, esta já mais angolana. Estava praticamente só com locais e umas duas duzias de Tugas/Zucas à caça de quem lhes gaste o dinheiro. Lá esperei que quem estava comigo curtisse, como não ia ficar em casa, nem transporte, não tinha outra solução.

Quero ver se existem outro locais mais engraçados que estes. Penso que na “Cidade”, já é um pouco diferente.

2-O filme de terror

Fomos (Eu, o cliente e a fiscalização) visitar um mercado típico junto a Viana o “30”, uma especie de Mestre Maco misturado com Continente, e Acessórios Auto.
Ao que o cliente, diz que precisa de encontrar uma caixa com chave, e eu pergunto: – um cofre? ao que ele replica:
– Não uma caixa com chave, para guardar objectos pessoais, tipo escova de dentes, laminas de barbear,etc…
– Para que?
– Porque aqui mexem em tudo e se for preciso usam a tua escova dentes.
– Não acredito….
Ao que a fiscalização responde:
– A minha empregada a Madalena, já pegou na minha máquina de fazer a barba e usou para rapar as “partes baixas”
– Eu não acredito
– Acredita aquilo era tudo encaracolado e a maquina ficou encravada, melhor ficou encaravada de vez .
– E não lhe disseste nada?
– Disse, perguntei-lhe se tinha sido ela…. ela disse que não…..

3-  A policia

Fomos mandados parar, o policia, viu os documentos todos, parecia tudo correcto, estava para nos mandar seguir, eis que se lembrou, onde está o triangulo e o colete?

Nós démos a  volta completa ao carro, e não encontramos nada. O policia vira-se para nós e diz:-vou ter de vos multar! , e o condutor pergunta, quanto é a multa?  São 6500 kuanzas (65 euros). Chefe não podemos resolver isto de outra maneira? Isso tem de partir de vocês, mas eu tenho dois telemoveis, não tem saldo? (aqui é tipico pedirem recargas de telemovel, o chamado saldo, que são uns cartões que custam 900 kuanzas que se raspam, depois coloca-se o código no telefone). O meu colega pegou em 1000 kuanzas colocou no meio do passaporte deu ao policia, ele recolheu e  mandou seguir.

Estão a ver a quanto vamos ter de dar se formos mandados parar pela policia com a carrinha das obras!? Para ajudar ao historia do post anterior, descobri que o encarregado tem a carta brasileira caducada!

A viagem para o trabalho

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Como podem imaginar conduzir em angola não é tarefa fácil, e por enquanto ainda não tenho carro próprio. Tive ainda a sorte de os motoristas encontrarem-se de férias, nestes últimos dois dias, por tudo isso, tenho optado por ir com o encarregado da obra.

É uma aventura que começa as 7h30, quando o encarregado passa pela casa onde estou alojado. Ainda só estão 4 pessoas na pick-up de 5 lugares, mas ao longo do caminho vamos apanhando os trabalhadores até ficarmos 11. Como podem imaginar e ver na foto, vão mais na parte de trás da pick-up que dentro dela.

É uma hora de caminho para fazer uns 50 km, que fazem a ligação de Talatona a Viana onde se encontra a obra,
porque quase metade do caminho é troço, logo temos direito a uma agradável poeira, no interior do carro, visto que o encarregado leva o vidro aberto para atenuar a “leve brisa” a “catinga”, e fazer de “ar condicionado”.

A pick-up que é uma carrinha recente, com pouco mais 30 mil km, tem o ar condicionado avariado, o que não é critico visto estarmos no Inverno, os travões falham as vezes, como diz o encarregado (brasileiro), – “Tem qui si dar umas bombadas”, os cabos da bateria saem e a carrinha desliga em andamento, e o vidro do lado do passageiro está avariado.
À parte de tudo isto, a carrinha desde que capotou, perdeu também os documentos, e para completar o ramalhete o encarregado tem o visto dele caducado.

Estão a imaginar com quantos “kuanzas” vamos ter de sobornar os policias sem formos mandados parar!?

  • A foto que coloquei é na altura em que parámos na “estação de serviço” para atestar o deposito da carrinha e levar bidons de combustível para as máquinas das obras.

WC

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Como podem perceber e apesar de só ter chegado há um dia, não sei se é do ar, mas ontem pela manha tive uma súbita vontade de ir ao WC.
Como estou num escritórios de uma empresa que podia ser em portugal,com instalações modernas, pensei que não existiria qualquer impedimento. Não é que chego ao WC e este encontra-se fechado, pergunto pela chave e dizem-me que como não há agua decidiram fechar. Podem imaginar a minha cara!

Vou-me sentar e penso que não tarda é hora de ir almoçar e que trato do assunto no Shopping “Belas”,porque nas imediações não há nada sem ser um gigante descampado com bastante gente na rua, a vender produtos (como podem ver na foto que inclui no post).
Passado um pouco chega a mesma sra. que me informou da falta de água, para me perguntar se queria ir a casa do sr. joão da kk betão que é perto dos escritórios onde me encontro, tipo 5 km, com transito à casa de banho, que também ia mais gente.
Como podem imaginar recusei, estão me a ver numa fila numa casa a espera da minha vês para purificar o ambiente.

Aguardei a até a hora de almoço e tratei do assunto.

A tarde, soube que o problema da água estava resolvido, e decidi voltar lá para uma assunto bem mais limpo, e deparo-me com a casa de banho inundada. É caso para dizer, nem oito nem oitenta!

A viagem Lisboa – Luanda


Como não podia deixar de ser, todas as viagens tens os seus percalços, os meus começaram logo no aeroporto, quando estou para fazer o check in, ao pesarem as malas tinha 27 quilos a mais. Tive logo que desembolsar 25 euros por cada kg, que deu a bela quantia de 675 euros.

Ao chegar a Luanda, fui o feliz escolhido para me chatearem, isto numa base completamente aleatória, levaram-me o passaporte e mandaram-me esperar numas cadeiras, e eu assim fiz….passado um bocado, passou o gajo que decidiu retirar-me o passaporte e perguntou o que é que eu estava ali a fazer, ao que eu respondi, tu é que me mandaste esperar aqui, ele vira-se para mim e disse, “não era aqui,vai ali para aquela sala”. Seguindo as instruções lá fui para a dita sala, cheguei lá e perguntaram-me “tens bilhete de volta”, eu disse que sim, ao que o subalterno pergunta ao superior, que faço? E ele responde “Dá-lhe o passaporte”.

Vou levantar a mala e aparece logo um ajudante do aeroporto que me pega nas malas e diz que me vai passar a frente de tudo e todos, que para isso basta dar dinheiro para um café para ele e para o amigo”, ao que eu digo, amigo, venho aqui buscar dinheiro, não trago nada comigo”, ao que ele logo de seguida larga as malas e vai tratar de tentar sacar dinheiro a outro.

Finalmente consigo sair da porta do aeroporto que por sinal está bastante melhor que da ultima vez que aqui estive, em fevereiro ultimo.
Na parte de fora do aeroporto é o verdadeiro caos, tinham chegado 3 voos nas ultimas 3 horas, estão centenas de pessoas á espera
de passageiros, e outras centenas a espera de cravar os europeus, que eles julgam cheios de euros.

Tenho uma pessoa a minha espera, que se encontra com outras pessoas que chegaram num desses 3 voos, que me leva á carrinha, logo ao arrumarmos as malas no carro aparece um desses cravas que tenta ganhar uns cobres, e que o motorista tem de gritar com ele para ele largar as minhas malas.
Finalmente depois de estarmos 30 minutos na fila para sair do parque de estacionamento do aeroporto, conseguimos fazer-nos a estrada e passado outros 30 chego ao destino, acabei por ter sorte e ser o primeiro a ser “descarregado”, sendo que os outros dois portugueses que iam comigo na carrinha, no dia seguinte de manha tinham de estar no aeroporto as 5 da manha, para voarem para uma das muitas provincias Angolanas, e já eram quase 23h

Não perca as novas aventuras… brevemente.

Angola – Luanda

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Decidi reactivar o blog para poder contar, os promenores da minha viagem, não vai ser dificil ter historias, não fosse eu para Angola!
Daqui a umas horas estou em Luanda, vai ser uma aventura durante 1 ano, mas espero fazer umas visitas regular a Portugal para matar saudades.

Para seguirem a minha viagem:
Visitem o meu blog https://irrealsocial.wordpress.com

Bancos e Futebol

Domingo, tive a honra de ir ver a nossa Selecção jogar na Suiça mais precisamente em Basileia, a convite de um banco neste caso o BPI (a maioria das pessoas nesta viagem estavam a convite do BES).

O convite foi feito ao meu pai, mas como ele não tinha disponibilidade, calhou-me a mim essa ardua tarefa de ir ver o jogo. Soubesse eu,o que sei hoje :que o Scolari mandou o filho ficar em Portugal, e acho que tinha seguido o mesmo conselho.

A organização da viagem estava a cargo da Cosmos, com uma organização bastante razoável dado o numero de passageiros que se encontravam a viajar com eles, umas largas centenas (vários aviões).

Cheguei ao aeroporto por volta das 6 da manha onde me foi entregue uma mochila com uma t-shirt e um cachecol patrocinados pela dita agencia, e uma bandeirinha de Portugal. As 7h30 como previsto partimos rumo a Basileia.

A chegada ao aeroporto de Basel/ Mulhouse, que tem a particularidade de ser comum a 3 paises (Alemanha, França,Suiça , parece-me uma boa gestão de recursos), deparei-me com pessoas contratadas para entoarem canticos da selecção, imaginem vocês toda a gente a cair de sono devido a hora que teve de sair da cama, e aquela gente cheia de energia a saltar, parecia real, estavam a levar a função deles muito a sério.

Dai seguimos de autocarro, para o parque onde os ditos ficaram estacionados até ao final do jogo.O parque ficava longe de tudo, e tivemos de precorrer um longo caminho até chegar ao centro da cidade.

No centro estava uma grande euforia, mais Portugueses que Suiços, e com bastantes negocios de rua abertos e restaurantes a funcionar, algo que contrasta com aquela cidade que aos Domingos deve ser calma e onde todos os negocios devem estar encerrados.

Almoçamos e quando terminamos estava a chover, foi assim até a hora do jogo.

Quando cheguei ao estádio estava com os pés a nadar em água, apesar da capa plastica que tinha adquirido a meio da tarde, ainda pensei em adquirir umas meias numa das “barracas” com produtos do EURO 2008, mas acabou por não acontecer.

Começou o jogo e não há muito a dizer, jogamos mal, o arbito ajudou à festa parando muito o jogo e apitando mal, mas no fim do jogo não fiquei com a sensação de  que esta viagem foi tempo perdido, porque os Suiços mereciam ter o seu momento de gloria, e como em qualquer viagem aprendemos sempre qualquer coisa… nem que seja a escolher melhor o calçado que levamos.

Fernando Pessoa

FP

Depois de uma noite atarefada (Santos Popular) e de uma tarde a recuperar, só agora tive alguns minutos para me dedicar ao Poeta Português de eleição.

Faz hoje 120 anos que nasceu o génio, e tenho de agradecer a minha professora de Português do 12ª Ano, o gosto que me transmitiu pelo génio de Pessoa, bem como pela leitura em geral. Deixo aqui um excerto de um dos seus muitos heteronimos, Alberto Caeiro

Se depois de eu morrer, quiserem escrever a minha biografia,
Não há nada mais simples
Tem só duas datas — a da minha nascença e a da minha morte.
Entre uma e outra cousa todos os dias são meus.

Sou fácil de definir.
Vi como um danado.
Amei as cousas sem sentimentalidade nenhuma.
Nunca tive um desejo que não pudesse realizar, porque nunca ceguei.
Mesmo ouvir nunca foi para mim senão um acompanhamento de ver.
Compreendi que as cousas são reais e todas diferentes umas das outras;
Compreendi isto com os olhos, nunca com o pensamento.
Compreender isto com o pensamento seria achá-las todas iguais.

Um dia deu-me o sono como a qualquer criança.
Fechei os olhos e dormi.
Além disso, fui o único poeta da Natureza.

Alberto Caeiro

Scolari

Scolari

Sempre admirei as pessoas que sabem fazer/dizer as coisas na altura certa, mesmo que para muitos esta pareça antecipada ou descabida,mais tarde todos terão a percepção de como foi tudo bem estudado.É um pouco como saber jogar na bolsa, é preciso muita disciplina para se saber entrar mas ainda mais sapiência para saber sair no momento exacto, mesmo que seja a perder.

Que não foi o caso Luiz Felipe Scolari, que soube sair a ganhar, que tinha um determinado objectivo (colocar a selecção nos quartos de final), e assim que o consegiu chegou a altura de anunciar um acordo, que possivelmente deve ter sido feito a quando da ida do próprio a Londres dizer ao Paulo Ferreira que ele estava convocado.

Ao lançar esta informação neste exacto momento, Scolari cria um efeito nas pessoas de saudade, fica e ficará sempre como um heroi que colocou a nossa selecção e futebol nos mais altos patamares da Europa e do Mundo, um pouco como Mourinho mas com um pouco menos de “Show off”.

Scolari com todo o seu engenho fica com as portas de Portugal sempre abertas, caso a passagem por Londres não corra da melhor forma.

Parabéns e obrigado por tudo

Outros Comentarios:

http://psicolaranja.blogspot.com/2008/06/homem-do-leme.html

http://pauloquerido.net/pessoal/francamente-acredito-que-portugal-vai-a-final-do-euro-08/